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sexta-feira, 16 de março de 2007

Expresso a minha nom-conformidade!

Nom é que pretenda comparar ou equiparar a minha experiência à das pessoas que sofrem ou sofrerom discriminaçom ou violência por serem gais ou lesbianas ou outra cousa heterodoxa, mas penso que os dous tipos de experiências se devem ao mesmo tipo de pré-conceitos e som causadas pola mesma maneira de entender a masculinidade e a sexualidade ou o ser humano em geral. Ademais, por sorte, eu sempre gozei de liberdade na minha casa para fazer o que me apetecesse. Havia outros problemas, como a hora de chegar, ou a sobre-protecção, mas isso é farinha doutro saco. Lembro quando eu punha saias para ir a algum concerto, algumha vez levei algum grito de "maricom!" dalguém que se cruzou comigo. Parecia-me surprendente, mas acontecia.

Lembro quando cosia ponto de cruz em teia de panamá: um dia estava a ponto de entrar numha tenda para comprar um bastidor e uns fios, e topei-me com um colega, predicador da revoluçom anarquista. Quando me perguntou e lhe digem o que ía comprar e para que, a sua cara de flipe foi mui eloquente. É divertido ver como pessoas que manejam grandes ideias falham nos princípios mais básicos. Entom perguntou para que? Eu respondim, coser é mui relaxante. Ele dijo, para luitar contra o sistema capistalista opressor nom convém relaxar-se, ou algo assim. Eu respondim, daquela por que fumas tantos porros?, ou algo assim. Ficou de queixo caído... Esta é a mesma pessoa que um dia me viu com um livro que descrevia e comparava os sistemas jurídicos espanhol e británico, e me dijo que para que lia isso, que esse era o sistema que havia que destruir, ao que eu respondim que para destruir umha cousa primeiro tes que conhecê-la. Tampouco se soubo o que respondeu o velho...

Eu daquela nom sabia a que era devido, mas sim me parecia irónico que umha pessoa (agora falo em geral, nom de ninguém em particular) que di estar comprometida na construçom dum mundo melhor (por aglutinar dalgumha maneira companheiros de adolescência que se definiam como independentistas, anarquistas, comunistas, etc.) tivesse tam má hóstia e tanto empenho em ir-lhe dizendo à gente o que tem que fazer. E em Ferrol havia muita gente assi. Noutros lugares nom o sei, falo só do lugar em que eu crescim.

Voltando ao rego, nunca me importou escandalizar as pessoas, e mesmo me regozijo bastante sempre em provocar (sempre que nom me suponha nengum prejuízo grave a mim, claro, nem a elas). Parece-me que o simples feito de que alguém se poda escandalizar com um comportamento inóquo é umha boa justificaçom para provocar essa escandalizaçom. Mas acho que querer escandalizar ou provocar nom era a minha razom para fazer muitas cousas. A razom era simplesmente o desejo de provar cousas novas, sempre tentando que esse desejo, que todos podemos experimentar, nom se visse anulado por pré-conceitos irracionais do tipo "isso som cousas de mulheres". Sempre tentei questionar todo o que fago e o que nom fago, ainda que é evidente que é impossível (e também cansativo demais) submeter absolutamente todo a umha análise racional, e quantos mais anos temos mais difícil me resulta.

Diversofóbia

Esmendrelho-me quando alguém me di que vivemos num país moderno e civilizado. Por que, pergunto. Porque temos leis que reconhecem direitos e que acabam com discriminaçons históricas, respondem-me. Muito bem. Leis feitas por umha metade (grosso modo) da nossa classe política, é maravilhoso e um passo adiante importantíssimo para que este país e para que o mundo continuem mudando, mas que hai da outra metade, representante, em teoria, dumha metade da populaçom?

O principal partido da oposiçom, arroupado por diversos grupos, como algumhas associaçons cidadás e umha seita dogmática, dualista, machista, pretenciosa, intransigente e mui perigosa (e cada vez com menos seguidores, por sorte), continuam negando o reconhecimento às pessoas represalidas polo Franquismo, fazendo pressom para que o adoutrinamento religioso seja umha matéria escolar ao mesmo nível que as outras, desqualificando o matrimónio homosexual, entorpecendo o desenvolvimento das línguas que nom som o espanhol e das naçons que nom som ou nom querem ser a espanhola, etc., enfim, indo em contra de qualquer medida que favoreça a diversidade, a igualdade e a liberdade. Nem todo é mau, polo menos nom estam no poder e nom podem invadir países... é um consolo.

Lembro umha notícia na revista Lambda que dizia que as entidades católicas e conservadoras (eg. os bispos e o PP, quem senom) faziam pressom para que a nova matéria Educaçom para a Cidadania nom recolhesse a existência de famílias homosexuais, ou qualquer referência à "diversidade afectivosexual". Diria isso de "eles saberám o que fam" nas na verdade penso que nom o sabem. Tenhem medo e nem sequer sabem a quê. Uns predicam o amor, na teoria, e dim que deves amar o teu inimigo e o que único que conseguem é gerar ódio. E o PSOE fai o que pode, mas podia fazer muito mais. Penso que nom vamos por mal caminho, mas vamos a passo de boi.

Hoje lia em El País algo que as pessoas realistas já sabem que acontece, e que as pessoas "diferentes" experimentam em carne própria, mas que um nem sempre tem presente, porque nem sempre sai no diário e, quando um se fai adulto, passa a presenciá-lo com menos frequência ou com mais distância, polo menos no meu caso. Quando ainda nom és adulto, talvez nom tes a consciência e madurez suficientes para pensar que isso que passa nom teria que passar. E quando te fas adulto, esqueces ou pensas que já nom passa, que o mundo mudou, simplesmente porque já nom o ves, e porque a gente tende a confundir o reconhecimento jurídico de determinados feitos com o seu estatus real que tenhem na sociedade.

Acontece algo semelhante com o galego: meu pai, como exemplo de cidadao meio, pensa que já está todo feito porque já se ensina na escola, já se fala na tele e na rádio, já nom se persegue a quem o fala. Mas que segue a haver na consiciência das pessoas?

Em qualquer caso, igual convem nom queixar-se demais: sempre podíamos estar pior.

sábado, 10 de março de 2007

Prostituimento

Há muitas coisas no mundo sobre as que não tenho opinião ou não tenho uma opinião definida. Com muitas delas, não me incomodo. Não tenho uma opinião definida e ponto, não me tira o sono. Não se pode saber de todo. Mas com algumas questões, sinto um rebulir por dentro que não me deixa ficar parado, não podo evitar necessitar ter uma opinião formada e fundamentada, porque sei que dessa opinião dependerá a minha acção cidadã, o meu voto e essa reacção em cadeia de agitação de consciências que não começa em mim e que não deveria acabar em mim. A prostituição é um desses temas.

Isto é uma das melhores coisas (a nível divulgativo) que levo lido sobre o tema, e na verdade penso que inclina muito a balança cara ao lado do abolicionismo no dilema abolição versus legalização. Está escrito por gente da, recente e felizmente descoberta por mim, Associação de homens pela igualdade de género. Combina duas coisas necessárias para produzir uma análise correcta: por um lado, dados numéricos e, por outro, uma interpretação desde uma perspectiva global, humana e de género, pondo bem em destaque os dois assuntos chave: a prostituição é um problema de género (quer dizer, inerente à violência do patriarcado), porque se trata dum mercado controlado por homens e cujos demandantes são também maioriamente homens. O outro problema é que afecta às mulheres mais pobres.

Quantas vezes não terei ouvido que não há que ser paternalista com as prostitutas porque são mulheres grandinhas para tomarem as suas próprias decisões sobre como se querem ganhar a vida, ou que a prostituição afecta tanto a homens como a mulheres porque também há homens prostitutos, ou que há prostitutas de luxo que não ganham nada mal a vida e que não são vítimas de nengum tipo de maltrato, ou que (dito da sua própria boca) as prostitutas (ou o seu corpo) não são nenguma mercadoria que se venda ou alugue senão que são trabalhadoras que proporcionam um serviço a um cliente, ou mesmo aberrações como que a prostituição cumpre uma função social porque assi se evitam muitas violações como produto da insatisfação sexual de certos homens.

Pois o artigo recolhe dados como que mais de 90% das pessoas (das quais a marioria são mulheres e crianças) que são introduzidas cada ano na União Europeia acabam sendo vítimas de exploração sexual, ou que mais de 90% das pessoas prostituídas são mulheres. Este artigo deixa bastante claro que nada tem a ver a prostituta que sai no debate de televisão defendendo melhoras nas condições "laborais" das prostitutas com a imensa maioria de mulheres que são vítimas da trata de pessoas e que não tenhem quase nenguma possiblidade de decidir o seu futuro. Uma das coisas mais interessantes é a comparação entre os resultados obtidos nos países que obtarão por um modelo legalicionista, como a Holanda, e os que optarão por um modelo abolicionista, como a Suécia.

Vale a pena lê-lo (isso e muito mais).