sábado, 8 de setembro de 2007

Galicia Bífida

Hai um par de dias, lim a convocatória de Vigueses por la Libertad para a apresentaçom no Círculo Mercantil dum "manifesto contra la imposición lingüística", promovido pola associaçom Galicia Bilingüe (GB) com o objectivo de recolher assinaturas. Gostando de conhecer opiniões diferentes (mesmo contrárias) doutras pessoas, falei-no com um amigo galego, amigo espanhol-falante com quem em muitos outros temas (como os deveres lingüísticos do funcionariado galego, o fume de tabaco em lugares públicos, etc.) adoito discordar porque ele normalmente defende a liberdade individual por encima de, o que para mim é, o bem comum ou colectivo, ou interesse geral, ou como se lhe queira chamar, ou simplesmente dos direitos doutras pessoas (como o direito dos cidadãos e cidadãs galeg@s de sermos atendidos em galego por defecto pola Administraçom no nosso país). Eu pensava que lhes daria parte ou toda a razom aos "Vigueses por la Libertad" mas a verdade é que me surpreendeu. Nom me deu muitos detalhes mas parece que os aborrece quase tanto como eu, ainda que talvez devido mais à forma ("tufillo rancio", dixo) que aos supostos objectivos.

Esta associaçom, tal como partidos como o PP, Ciutadans e suponho que o novo partido dobradiça de Savater e Rosa Díez ou como plataformas como Tangallego... ou RadikalesLibres, defende a ideia que as línguas som das pessoas e nom dos territórios ou dos povos. Nem que dizer tem que negar a dimensom social das línguas é tam nécio como pretender dedicar-se ao comércio num quarto fechado ao resto do mundo sem janelas nem portas, porque, independentemente da sua dimensom individual, umha língua só pode existir como tal e só se pode adquirir e usar com base na interacçom com outros membros dumha comunidade lingüística, à semelhança dumha actividade comercial qualquer ou de qualquer jogo que nom seja um solitário (que é um jogo para quando nom hai ninguém com quem jogar) ou de qualquer relaçom sexual que não sexa exclusivamente auto-onanista (e é obvio que o desejo nom se experimenta normalmente polo próprio corpo senom por outros corpos). Alguém pode imaginar umha plataforma cidadã defendendo que nom hai que regular em absoluto um mercado nacional porque o comercio é das pessoas e nom dum país? Pois, pensando no que se pretende conseguir, para mim determinar por lei quantas materias ou horas como mínimo devem ser ministradas em galego nom é diferente de fixar por lei os salários mínimos interprofissionais, por exemplo.

O bilingüismo nom é o que de facto procuram (de propósito ou nom) em Galicia Bilingüe. É fácil ver por que: essa plataforma nasceu agora e nom durante todo o tempo em que o galego estivo marginado da educaçom pública, portanto o bilingüismo importa-lhes um caralho, o que querem é velar polos privilégios dos castelhano-falantes monolíngües na Galiza. Porém, o bilingüismo si é precisamente o que pretende assentar o Decreto de marras para a promoçom do galego no ensino, dado que visa simples e acertadamente desactivar o forte processo de substituiçom social do galego polo espanhol que se vem dando na CAG desde hai várias décadas (ou seja, só garantindo a sobrevivência do galego é possível garantir o bilingüismo social). Objectivo: frear a perda de galego-falantes. Meios: fazer do galego umha língua útil, necessária e de prestígio. Em troca, para observar o lugar que o galego deve ocupar em relação com o castelhano para esta associaçom, basta com aceder ao seu sítio web (Galicia Bilingüe), que está redigido em espanhol e galego, mas: mui significativamente, o galego aparece em cada página sempre por debaixo do castelhano, e por isso até que nom acabas de ler o texto em castelhano nom reparas em que o texto também estava em galego, quando o mais lógico (dum ponto de vista de defesa real do bilingüismo) é dar a escolha quando entras no sitio web ou que haja um botom. Di-me como dis as cousas e direi-che o que realmente pretendes.

Por outro lado, como é sabido, legalmente, a dia de hoje, unicamente existe o dever dos galegos de conhecer o castelhano (dever sancionado pola Constituiçom espanhola e velado polos tribunais). É evidentemente uma situação injusta e discriminatoria que se deve mudar. Curiosamente esta não é, que me conste, uma das reivindicações da plataforma Galicia Bilingüe, teoricamente a favor de um bilinguismo perfeito, simétrico e equilibrado, segundo eles dim. O que de verdade defendem, baixo o manto da reivindicaçom da liberdade individual e do bilingüismo, som os privilégios dos espanhol-falantes que moram e trabalham na Galiza e que nom querem ter que usar o galego nem sequer por exigências do guiom profissional, como no caso dos docentes do sistema educativo. Para a desesperança deles, a partir de agora, ser professor/a de certas matérias, implicará, esperemos, nom só dominar os conteúdos e a prática pedagógica, senom também dominar a língua propia da comunidade e estar disposto a usá-la. @s sóci@s de Galicia Bilíngüe podem-se negar e fazer objecçom de consciência, como se negam alcaldes/sas a casar gais, e talvez nos fagam um favor a tod@s: hai outros trabalhos.

1 comentário:

Anónimo disse...

És curiós, en qualsevol cas, el logotip que fan servir, un "quatrisquel", que recorda molt al de Xacarandaina.