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domingo, 3 de fevereiro de 2008

Mais sobre Galicia Monolingue

Os de Galicia Monolingue argumentam que os professores do sistema educativo galego têm direito a não usarem o galego nas suas aulas, quer dizer, a ensinarem em espanhol, porque a Constituição garante o direito de todos os cidadãos a empregarem qualquer uma das línguas oficiais. Eu concordo nisso respeito da cidadania em geral (como para não concordar!), mas não no que respeita aos trabalhadores da Administração, sejam docentes, administrativos ou juízes. Os que temos a sorte ou o azar de termos que trabalhar por conta alheia, devemos assumir uma série de compromissos quando acedemos a um posto de trabalho concreto, variáveis segundo o posto e o patrão. Os funcionários (incluídos os docentes) são também trabalhadores dum patrão particular, a Administração, que, como qualquer outro patrão, pode impor (não quaisquer, mas sim) certas condições aos seus empregados. Neste caso as condições impostas são necessárias para que o resto dos cidadãos, os administrados, possamos usufruir os nossos direitos linguísticos (nomeadamente podermos usar o galego, que não inclui apenas a possibilidade de expressar-nos nessa língua mas também de sermos atendidos nela) quando somos administrados. Por isso os funcionários não são cidadãos correntes. Nestes momentos, para pôr um símil, enquanto a lei anti-tabaco não se endureza e se equipare a leis como as recentemente aprovadas em França ou Portugal, há trabalhadores de hostelaria que trabalham em estabelecimentos em que têm de respirar fume de tabaco, apesar de que a Constituição diz bem clarinho que todos os cidadãos temos direito à saúde. A mim no meu trabalho obrigam-me a levar um colete com as cores e o emblema da empresa: a Constituição penso que não diz nada sobre indumentária mas eu poderia arguir que se está vulnerando a minha liberdade individual de vestir-me como queira. Na verdade ninguém me obriga a ter esse trabalho, aceito-o livremente, com todo o que esse trabalho implica, vantagens e inconvenientes. Por que os funcionários haviam de ser diferentes?

Para mim os funcionários não são diferentes, devem aceitar as condições que, conforme a lei, comporte o seu trabalho. No caso da língua, a negação dum funcionário a utilizar uma das duas línguas oficiais é mui grave, já que, o discriminado não será ele, mas sim o serão muitos administrados. A Lei diz que os cidadãos galegos temos direito à que a Administração se dirija a nós na nossa língua: como podemos fazer efectivo esse direito se um funcionário se nega a usar o galego connosco? É evidente que aqui há um solapamento de direitos e de interesses que há que resolver dalguma maneira. Para mim está claro que o direito dos administrados implica uma obriga no administrador. E para legitimar que o galego seja a língua preferente da Administração galega só basta com citar a própria Constituição espanhola, que diz que o galego deverá ser "objecto de especial respeito e protecção" (e recalco "especial", que se refere a medidas de promoção das que não goza o espanhol).

Não todos somos iguais ante a Lei, nem podemos sê-lo. A Lei, na minha opinião, deve ser igual para aquelas pessoas que são iguais, mas não para o resto. Por exemplo, ainda que o delito seja o mesmo, as penas para um menor não são iguais que para um maior de idade. As circunstâncias de cada indivíduo condicionam o seu submetimento à Lei. Os funcionários, quando estão a trabalhar, são serventes do resto de cidadãos e por isso, em caso de solapamento, os direitos do resto da cidadania devem estar por cima de certos direitos seus, que devem ficar suspendidos, e servir ao cidadão é a sua obriga e portanto a língua a utilizar pode perfeitamente estar fixada nas condições desse serviço. Que passaria se se lhe exige ao trabalhador dum posto de turismo que fale inglês com os turistas que querem informação (e que possua ou adquira as competências para fazê-lo)? Seria razoável que o trabalhador que ocupe esse posto denuncie que se vulnera o seu direito constitucional a utilizar a língua espanhola simplesmente porque está em território espanhol? Pergunto-me se também protestariam se fossem jornalistas de Vieiros, de Galicia-Hoxe ou da TVG porque no seu trabalho têm de usar o galego. Se trabalhassem num liceu francês ou num colégio alemão protestariam por terem que usar o francês ou o alemão nas suas aulas? (não são perguntas retóricas). Outro caso, imaginemos uma pessoa que trabalhe numa escola, pública ou concertada, em que se implemente o modelo trilingue, como já se está a fazer em Baleares, com espanhol, língua própria do país e inglês, e que se fixasse (seja polo governo ou polo centro) que a disciplina que essa pessoa ministra (entre outras) tem de ser veiculada em inglês: essa pessoa teria que falar em inglês nas suas aulas, ainda que ensine matemáticas ou ciência ou o que for, e ademais teria que formar-se em inglês se o seu nível não fosse bom o suficiente. Nesse suposto, também denunciaria a conculcação dos seus direitos constitucionais por não poder dar as suas aulas em espanhol? Eu suponho que não, e de facto acho que terão muitos menos problemas (ideológicos, claro é) para darem aulas em inglês dos que terão em galego. Os funcionários (docentes incluídos) são cidadãos, certo, mas quando estão no seu posto de trabalho não exercem apenas de cidadãos, exercem de trabalhadores cujo trabalho é servir os outros cidadãos. Os de Tanga querem resolver esse conflito de direitos e interesses mediante a fórmula "yo y mi culo por encima de todo".

Para os de Tanga e Galicia Monolingue para trabalhar em galego há que ser galego-falante, e para ser galego-falante há que ser nacionalista radical e racista. Em Vieiros não o sei, mas na RTVG quanto pessoal não haverá que está aí porque a concorrência no mercado como profissionais da comunicação em espanhol é muito maior! Quantos futuros jornalistas galegos não terão escolhido fazer a carreira por galego e não por espanhol pela simples razão de que a RTVG é um empregador mais que provável se estão formados nessa língua e muito mais acessível que outros como a TVE! A mim parece-me mais bem que as pessoas que escolheram fazer a carreira em Santiago por galego não o fizeram por terem uma ideologia nacionalista rância e sectária, mas simplesmente pensando no que seria melhor para o seu futuro profissional. É mais, parece que, ante tal perspectiva, talvez seja por ter uma determinada ideologia (como a que têm em Tanga) que uma pessoa rejeite fazer a carreira de jornalismo por galego (a não ser que tenha pensado ir trabalhar noutro país). Ou seja, como hipotético jornalista que poderia ter sido qualquer das pessoas que integram Tanga e GB, uma de duas: a) teria rejeitado fazer a carreira por galego, por razões que eu não saberia explicar mas que iriam contra a lógica dessa profissão na Galiza, e em cujo caso provavelmente não teria acesso a um posto de trabalho na RTVG ou b) teria, como todo filho de vizinho, pensado no seu porvir e escolhido o que parecia melhor para o seu devir profissional. E nesse segundo caso, não é improvável que tivesse arranjado trabalho na RTVG. Parece-me uma maneira plausível de explicar por que uma pessoa trabalha num meio de expressão em galego sem apelar à qualquer ideologia expressa. O que quero dizer é que em muitos casos a língua de trabalho e o mercado no que uma pessoa decide competir tem muito pouco a ver com a sua ideologia. É sabido: primeiro o bandulho, depois o orgulho. Ou era ao revés? De facto, estou convencido de que muitas pessoas das que trabalham na RTVG não são especialmente galeguistas nem sensíveis à questão da língua. Era muito gráfico aquele quadrinho do Xaquín Marín em que o realizador dum programa de tv da TVG dizia "Atentos, ahora hablad en gallego que empezamos a grabar" ou algo assim. Em qualquer caso, pergunto-me se os de Tanga iriam tão longe como afirmar que as pessoas que trabalham pondo a voz (e talvez também a cara) na RTVG têm direito a protestar por ser vulnerado o seu direito "constitucional" a se expressarem em espanhol.

Enquanto ao decreto de galeguização do ensino, que é o que realmente critica Tanga (já que está formada por "padres e profesores"), pois o decreto não carece em absoluto de legitimidade porque o único que faz é aplicar o que já diz a Lei de Normalização Linguística, aprovada por todos os grupos no Parlamento galego. O que dizem os de Tanga é tanto como afirmar que os grupos políticos galegos não representam a cidadania.

A língua é um elemento de discriminação flagrante e muitas pessoas continuarão a pensar que não todos os espanhóis somos iguais enquanto um madrileno (por pôr um caso) possa ter acesso a TODO na sua língua mas um galego não. Poder-se-á pensar ou não que essa situação de desigualdade deve ser mudada, mas não se poderá negar essa situação. Também poder-se-á concordar ou não com que é preciso fazer algo (e.g. mudanças radicais) para frear a redução nas últimas décadas do número de falantes de galego, mas não se poderá negar essa redução. A dramática redução de galego-falantes não é espontânea nem se deve a factores intrínsecos da língua ou dos falantes, as pessoas não deixam de falar a sua língua porque sim ou porque essa língua tenha poucos falantes: na Letónia e na Eslovénia há menos habitantes que na Galiza e nem por isso os letões e os eslovenos deixam de falar as suas respectivas línguas. As causas de que um galego-falante lhe fale espanhol aos seus filhos (que é basicamente onde radica o problema) tem a ver com a desigualdade, agrávio comparativo, discriminação ou como se lhe prefira chamar que existe entre espanhol e galego. E dada essa situação parez claro que são necessárias, como pouco, políticas como a plasmada no devandito decreto. Criticá-las com a escusa de que a lei admite a possibilidade teórica de que se impartam em galego o 100% das matérias (o qual sempre seria porque assim o quer o centro: profes, AMPAS, etc.), parez-me, no mínimo, uma hipocrisia. O que eles propõem, o laissez-faire, é um ponto de vista legítimo, mas suponho que não pensariam assim se a língua minorada/em perigo de desaparição fosse a deles.

É certo que há que ter olho para que as vítimas não se convertam em verdugos, é verdade que adoita passar, poderia passar também aqui, mas de momento, se a minha perspectiva das coisas tiver um mínimo de objectividade, o certo é que, no grande geral, as vítimas não foram nunca, nem são agora, os espanhol-falantes. Insisto, no geral. Conheço uns poucos casos em que sim o são, mas conheço infinitamente muitos mais em que são os verdugos. Os espanhol-falantes que se creem vítimas unicamente o são da sua própria (e talvez voluntária) falta de compreensão do mundo em que vivem e das, digamos, razões ideológicas de fundo que sustentam a sua ideia da Galiza, do galego e de Espanha como estado em que o espanhol deve estar acima das outras línguas. Têm direito a ter essa ideia, mas afortunadamente essa ideia têm-na cada vez menos pessoas. O engraçado é que, por outro lado, os de Tanga pretende fazer-nos crer que eles não têm ideologia e que se regem unicamente pela razão, enquanto os nacionalistas é que "querem impor a sua ideologia". Se eles pensam que não há direito a que certos indivíduos tenham por lei que expressar-se em galego no seu trabalho é precisamente pela sua ideologia. As leis, assim mesmo, estão elaboradas por pessoas que respondem a um programa e plasmam uma ideologia. O conflito pois, é de raiz legal mas não deixa de ser ideológico também. Os nacionalistas, na verdade, o que querem não é impor a sua ideologia, valha-me Deus!, mas simplesmente aplicar a lei. A única razão que vale nesta questão é a razão da maioria e o único que se está a impor é a soberania popular, como deve ser: qualquer um tem direito à "pataleta", mas num sistema democrático, as coisas serão o que a maioria queiramos que sejam. E em qualquer situação de mudança, sempre há minorias insatisfeitas, é inevitável.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

No hi cap tothom

Això és flipant. Ho heu vist? La veritat, no m'esperava això de CiU. Fa mal a la vista:

La gent no se'n va del seu país per ganes sinó per gana. Però a Catalunya no hi cap tothom.

Haurien de dir també qui exactactament se n'hauria d'anar o qui no hauria de venir...

M'agradaria coneixer altres opinions, si són diferents de la meva millor. Vull dir, que estic obert a que m'ho expliquin.

Fachas, demagogia e incompatibilidades

Acabo de ler o artigo (ou carta ao director) titulado "Un giro de timón", publicado em ABC em novembro do ano passado e escrito pela presidenta de Galicia Monolingue (permita-se-me o pequeno escárnio, acho que merecido e legítimo, com o nome desta associação).

Permita-se-me, assim mesmo, por meio do destaque duma simples mas fulcral contradição, uma pequena crítica à perversa demagogia, por outro lado tão transparente, que pratica esta associação. Por um lado reclamam que o conhecimento do galego não seja requisito indispensável para aceder a um emprego público, quer dizer, para trabalhar na Administração (galega, entenda-se). Por outro lado, vêm a dizer, talvez como mostra de pretendida moderação, que o reconhecimento do galego como instrumento normal de comunicação entre a cidadania e a Administração (galega) em todos os âmbitos da vida oficial era e é um fim justo e desejável.

Se calhar há algum ponto que me escapa, mas eu não acabo de ver por nenhures como pode ser compatível o facto de uma pessoa (quem diz uma, diz muitas) poder aceder a um posto na Administração com o facto de eu ser administrado em galego, como é justo e desejável se assim eu o desejar, se se der a circunstância de que quem me administre seja essa pessoa que acedeu ao seu posto sem demonstrar que conhece (e talvez sem conhecer!) a língua em que é justo e desejável que a mim me atenda.

Fico por aqui...

sábado, 8 de setembro de 2007

Nazismo galego

Que despois nom nos estranhe que haja tantos fachas em Espanha (ainda que parte de culpa sempre a temos nós: Quin, caladinho estavas muito mais guapo). Ainda bem que nom desvelou que também levaram um mandilom com as cores da bandeira e que em primeiro de básica leram o Sempre em Galiza... O cuco cuco cuqueiro, o cuco cuco cucom, madrugom e cantareiro, cantareiro e madrugom!

Galicia Bífida

Hai um par de dias, lim a convocatória de Vigueses por la Libertad para a apresentaçom no Círculo Mercantil dum "manifesto contra la imposición lingüística", promovido pola associaçom Galicia Bilingüe (GB) com o objectivo de recolher assinaturas. Gostando de conhecer opiniões diferentes (mesmo contrárias) doutras pessoas, falei-no com um amigo galego, amigo espanhol-falante com quem em muitos outros temas (como os deveres lingüísticos do funcionariado galego, o fume de tabaco em lugares públicos, etc.) adoito discordar porque ele normalmente defende a liberdade individual por encima de, o que para mim é, o bem comum ou colectivo, ou interesse geral, ou como se lhe queira chamar, ou simplesmente dos direitos doutras pessoas (como o direito dos cidadãos e cidadãs galeg@s de sermos atendidos em galego por defecto pola Administraçom no nosso país). Eu pensava que lhes daria parte ou toda a razom aos "Vigueses por la Libertad" mas a verdade é que me surpreendeu. Nom me deu muitos detalhes mas parece que os aborrece quase tanto como eu, ainda que talvez devido mais à forma ("tufillo rancio", dixo) que aos supostos objectivos.

Esta associaçom, tal como partidos como o PP, Ciutadans e suponho que o novo partido dobradiça de Savater e Rosa Díez ou como plataformas como Tangallego... ou RadikalesLibres, defende a ideia que as línguas som das pessoas e nom dos territórios ou dos povos. Nem que dizer tem que negar a dimensom social das línguas é tam nécio como pretender dedicar-se ao comércio num quarto fechado ao resto do mundo sem janelas nem portas, porque, independentemente da sua dimensom individual, umha língua só pode existir como tal e só se pode adquirir e usar com base na interacçom com outros membros dumha comunidade lingüística, à semelhança dumha actividade comercial qualquer ou de qualquer jogo que nom seja um solitário (que é um jogo para quando nom hai ninguém com quem jogar) ou de qualquer relaçom sexual que não sexa exclusivamente auto-onanista (e é obvio que o desejo nom se experimenta normalmente polo próprio corpo senom por outros corpos). Alguém pode imaginar umha plataforma cidadã defendendo que nom hai que regular em absoluto um mercado nacional porque o comercio é das pessoas e nom dum país? Pois, pensando no que se pretende conseguir, para mim determinar por lei quantas materias ou horas como mínimo devem ser ministradas em galego nom é diferente de fixar por lei os salários mínimos interprofissionais, por exemplo.

O bilingüismo nom é o que de facto procuram (de propósito ou nom) em Galicia Bilingüe. É fácil ver por que: essa plataforma nasceu agora e nom durante todo o tempo em que o galego estivo marginado da educaçom pública, portanto o bilingüismo importa-lhes um caralho, o que querem é velar polos privilégios dos castelhano-falantes monolíngües na Galiza. Porém, o bilingüismo si é precisamente o que pretende assentar o Decreto de marras para a promoçom do galego no ensino, dado que visa simples e acertadamente desactivar o forte processo de substituiçom social do galego polo espanhol que se vem dando na CAG desde hai várias décadas (ou seja, só garantindo a sobrevivência do galego é possível garantir o bilingüismo social). Objectivo: frear a perda de galego-falantes. Meios: fazer do galego umha língua útil, necessária e de prestígio. Em troca, para observar o lugar que o galego deve ocupar em relação com o castelhano para esta associaçom, basta com aceder ao seu sítio web (Galicia Bilingüe), que está redigido em espanhol e galego, mas: mui significativamente, o galego aparece em cada página sempre por debaixo do castelhano, e por isso até que nom acabas de ler o texto em castelhano nom reparas em que o texto também estava em galego, quando o mais lógico (dum ponto de vista de defesa real do bilingüismo) é dar a escolha quando entras no sitio web ou que haja um botom. Di-me como dis as cousas e direi-che o que realmente pretendes.

Por outro lado, como é sabido, legalmente, a dia de hoje, unicamente existe o dever dos galegos de conhecer o castelhano (dever sancionado pola Constituiçom espanhola e velado polos tribunais). É evidentemente uma situação injusta e discriminatoria que se deve mudar. Curiosamente esta não é, que me conste, uma das reivindicações da plataforma Galicia Bilingüe, teoricamente a favor de um bilinguismo perfeito, simétrico e equilibrado, segundo eles dim. O que de verdade defendem, baixo o manto da reivindicaçom da liberdade individual e do bilingüismo, som os privilégios dos espanhol-falantes que moram e trabalham na Galiza e que nom querem ter que usar o galego nem sequer por exigências do guiom profissional, como no caso dos docentes do sistema educativo. Para a desesperança deles, a partir de agora, ser professor/a de certas matérias, implicará, esperemos, nom só dominar os conteúdos e a prática pedagógica, senom também dominar a língua propia da comunidade e estar disposto a usá-la. @s sóci@s de Galicia Bilíngüe podem-se negar e fazer objecçom de consciência, como se negam alcaldes/sas a casar gais, e talvez nos fagam um favor a tod@s: hai outros trabalhos.

sábado, 28 de abril de 2007

Estat propi (ca.) > ? (gl.)

Sempre m'havíen dit que no sempre hi ha equivalents paral·lels entre dues llengües, però és curiós com "persones que volen la independència dels Països Catalans" es tradueix en gallec com "persoas favorábeis á autodeterminación dos Países Cataláns".

Igual que contar en galego (por exemplo, una història, un acudit, etc.) es diu explicar en català, o igual que ficar en català es diu meter en gallec i ficar en gallec es diu quedar en català, potser el verb voler en gallec en realitat no és querer, que seria per tant una mena de fals amic, sinó que una estricta equivalència semàntica requeriria un sintagma: ser favorábel a. Curiós, curiós. Ja se sap que en gallec les coses es diuen d'una altra manera i que els gallecs parlen com a dones, o sigui, mitigant qualsevol afirmació... etc. O sigui, en la seva cosmovisió particular, els gallecs no volen alguna cosa, sinó que hi són favorables :)

Però molt més crida l'atenció que tradueixin independència per autodeterminación. Llavors jo estava equivocat, suposo que algú m'havia confós. Però si independència en gallec es diu autodeterminación, em pregunto com es dirà autodeterminació en gallec i, alhora, que voldrà dir la paraula independencia en gallec. Ai ai, quin batibull!

Manipulació? Ignorància? Por? Llicència periodística?

Cerveza-beer

Ahir quan sortíem de ballar swing al Big Bang vam trobar un venedor de cervesa i vam aturar-nos a parlar amb ell, com hem fet tantes altres vegades, perquè en general són gent molt amistosa i perquè sempre és un plaer parlar amb aquesta gent.

Era punjabí, i ens contava que ell no volia treballar venent cerveses però que no tenia papers, també el tema de sempre. Que tenia una empresa i que havia treballat aquí, en la construcció, però que no li havíen pagat.

Segur que per a ell no és cap novetat que la gent pel carré li mostri el seu suport i la seva empatia, com feiem nosaltres, no ho sé. I segur que li agrada molt que la gent parli amb ell i que no sigui simplement un dels pakis de les llaunes. Però em pregunto que pensarà quan algú ho fa però tot i això se'n va sense haver-li comprat la cervesa-beer, com vam fer nosaltres...

domingo, 11 de março de 2007

Imposiçom e bidireccionalidades

Que bonita a eloquência do senhor Gómez de Liaño quando di (as cursivas som minhas):

Recuérdese a Miguel de Unamuno cuando defendía con pasión que debíamos salvar, con «respeto y protección» -como rezaba la Constitución de 1931-, los idiomas de Rosalía y Maragall, pero que no se podía imponer un idioma a un español que no lo hubiese tenido como lengua materna, si no era el castellano, hablado por todos, usado por millones de hombres.
Às vezes vejo-me tentado de submeter discursos inteiros a umha análise de lógica de predicados de primeira ordem ;)

Nom sei o que quereria dizer Unamuno nem o que entenderá o senhor Gómez de Liaño, magistrado e advogado, mas o que eu (probe inhorante) entendo é que o castelhano é o único idioma que se pode impor a um espanhol que nom o tivo como língua materna. Lendo isso, nom parece surprendente que o espanhol seja a língua materna tanto de Liaño como de Unamuno. Suponho que na realidade onde pom "podia" deve-se ler "devia", mas na época de Unamuno (e hoje em certa medida também) é verdade que era o único que se podia impor, e de facto é o idioma que durante séculos se vem impondo aos bascos, galegos e cataláns que nom o tenhem como idioma materno.

E prossegue:
En España hay una Constitución lo suficientemente clara y sólida como para saber que el castellano es nuestra lengua común, que la lengua común de España es el español y éste la lengua común en todas las partes.
Tampouco parece surprendente que seja a "nossa" língua comum depois de que durante séculos os que sim a tenhem como língua materna no-la impugessem aos que nom. Claro, como eles som mais! Mas um momento de reflexom: realmente temos que ter umha língua comum? Está bem, nom digo que nom, mas considerando vantagens e inconvenientes (desde umha perspectiva histórica, e por histórica nom quero dizer 20 anos nim 100), pode resultar tam imcomprensível que haja quem nom queira? Tam ilegítima parece tal proposta? Como faram os belgas ou os suíços? Devem ter uns problemas enormes...

E prossegue:
El intento de sabotaje del pregón de Elvira Lindo, patrocinado por ERC y el acoso al deportista Samuel Eto o por querer hablar en castellano son dos nuevos excesos, propios de la predisposición de ánimo de esos independentistas radicales que pretenden, día sí, día también, dinamitar la convivencia y los pilares básicos de la nación española.
Se a convivência e os pilares básicos da naçom espanhola som que os que nom o temos como língua materna temos que deixar que nos imponham o espanhol sem que nos territórios que tenhem umha língua de seu podamos fazer o mesmo (como fai qualquer país soberano, por certo), pois tampouco é mui surprendente que haja "independentistas radicais" nem que queiram dinamitar essa "convivência".

Acontece que só a parte poderosa pode impor a sua língua. Mas quando hai um mínimo de democracia (por imperfeita que seja) o poder reparte-se entre quem o reclama e as partes menos poderosas passam a sê-lo mais e as que o eram mais passam a sê-lo menos, o que permite que os menos poderosos podam decidir até certo ponto quê se querem deixar impor e quê nom, e isso pode incomodar os que antes eram mais poderosos, o qual é lógico, porque quem tem poder nom gosta de perdê-lo (ainda que fosse ilegítimo), nem muito menos de ver que nom só já nom pode impor (tanto) o que antes sim podia senom que mesmo pode ser objecto da imposiçom inversa.

E respeito aos "sabotajes" e "acosos", nom tenho nada a dizer nem ninguém que defender, a nom ser que quando hai liberdade de opiniom e sensaçom de ser vítima dumha imposiçom, tende a haver desajustes. Ou como di ele, "excessos", mas muitas vezes tais excessos, longe de serem reais, som fabricados polos meios.

Ui, agora que reparo, que feio soa isso de dizer "língua de seu". Dizer "língua própria" tampouco soa melhor. Carai, nom porque nom o seja, senom porque dizer própria ou de seu parece como que implica que as outras (como o espanhol) nom som próprias, senom que vinherom de fora, como se nos invadissem os marcianos, ou que forom impostas, e implicar isso de "língua imposta" soa feio. Vou ter que procurar palavras novas para nom dinamitar nada da naçom espanhola.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Vagos y maleantes: aberrante

Quando me digam que nos países árabes nom hai democracia, que nom se respeitam os direitos humanos, etc., só tenho que lembrar atrocidades como esta, que passavam aqui hai tam só pouco mais de um quarto de século.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Pautos políticos

Quando a polícia me ponha umha multa por excesso de velocidade ou por ir conduzindo borracho, em vez de pagá-la (e em vez de botar muitos anos sem pagá-la ou acumulando multas) o que vou fazer é "avogar por um acordo" com os senhores agentes, um "pacto policial", porque que eu cumpra a lei seguro que "nom se corresponde com o sentir do resto dos condutores" (muitos dos quais seguro que também a incumprem).

Toma castanha!

Este senhor é o mesmo que nom fai nada "por precaución" quando @s opositor@s a um posto na administraçom da Xunta de Galiza se negam a fazer os testes em galego... Què se'n pot esperar!

domingo, 17 de setembro de 2006

Letter to the director of NYTimes: Javier Marías and tobacco

In response to Mr. Marias' article published in your newspaper on January 22, 2006, I would like to clarify certain aspects of his personal stance. Readers are mature enough to take his article as nothing more than a personal opinion but I still feel committed to provide some brief comments to encourage a critical evaluation of his words.

Mr. Javier Marias manages well to portrait the Spanish government as a totalitarian neo-fascist bunch of paternalist busybodies. He succeeds quite well in playing with ideas as to construct a logically solid argument. And he should, he is a writer after all (one can easily see he's not a human rights promoter, not fully committed at least). The only problem is that his account is biased, terribly. He handles logic well, but not facts. His vision of reality seems to be based upon a childish wish to get away with anything he wants to do, whatever the outcome. Quite understandably, then, he doesn't give any figures of death rates due to consumption of or exposure to tobacco smoke (ie. about 50.000 deaths per year). Otherwise he would be fouling his own nest.

It's true that walking along polluted streets in a big town and similar things aren't good for our health, as is tobacco. But what Mr. Marias seem to be implying is that we shouldn't give a damn about any situation which is wrong, because there are many other situations which are much worse. I would be very supportive to policies which encourage using the bike to go to work or to somehow forcing, if that could be possible, the US to sign on to the Kyoto Protocol. But still I am a breathing human being, and up to now I have had to stand stinky, carcinogen smoke on virtually every place I've been to in Spain to have some leisure time, very often including areas where smoking was already forbidden. If Spaniards had been as civic as Mr. Marias holds, I'm sure the recently passed anti-smoking law wouldn't have been necessary, nor would there have been any social demand for it.


By the sight of things, Mr. Marias is not aware, or ignores, that, according to the WHO, the concentrations of toxicity in our lungs are much higher when we inhale tobacco smoke than because of atmospheric pollution. Not to mention that we usually don't sit or stand next to a car's exhaust pipe INDOORS -- that would be unbearable, indeed much more than smoke! Be it as it may, the fact is that smoking causes many thousand deaths a year, and car combustion does not. Its effect on the natural environment is, however, quite another topic.

Mr. Marias asserts that 'the government's argument that it is seeking to improve public health is hypocritical [because] the Spanish Treasury takes in colossal revenues, direct and indirect, thanks to this pernicious habit'. So, what does this mean? Should the Spanish government not tax tobacco in order not to be hypocritical? I don't get this 'implicit message': how come the Spanish government can be implicitly talking us into smoking more, whilst at the same time regulating tobacco consumption on the grounds that it damages our health and that nearly one thousand people die every year in Spain because of their exposure to second-hand smoke? It's been proven that higher taxes on tobacco discourages smoking, so taxing is perfectly consistent with the government's aim to improve public health. Besides, I honestly don't think any Spaniard, however patriot they are, smokes more out of a wish to help settle the national debt.

As usually happens with smokers, Mr. Marias is looking at reality from the angle that best suits his interests. I agree with him that 'people should be allowed to make decisions about their health as they see fit, even if that means undermining it'. What I can't subscribe is that they make decisions about other people's health, which is what happens when someone smokes in a pub or a bar or a disco or whatever public place. This smoking guy might be having a great time with his or her smoking fellows, but the waiters, the dancers, the bouncers and the people who work there in general do HAVE TO inhale their happy smoke. They don't have a choice -- unless they quit their job, that is.

So please Mr. Marias, when you see a Spaniard in a place where there are non-smokers too, do ask them kindly not to smoke and not to force the workers there to breath their smoke. You will see how civically they react.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Racismo diario no diario

O outro día comentábao un profesor de análise do discurso e eu doume conta algunha vez do tipo de linguaxe que utilizan nos medios de comunicación para falar da inmigración (e de tantas outras cousas). Fálannos de "avalanchas" de inmigrantes nos medios de comunicación, por citar unha das metáforas máis desafortunadas que utilizan os políticos e que os medios reproducen. Di o Priberam que unha avalancha é, no seu sentido literal, unha "grande massa de neve que rola da montanha, derrubando tudo quanto encontra na passagem". No seu sentido figurado, é unha "invasão súbita de gente ou animais", e non fai falta explicar qué significa invadir. O RAEavalancha como sinónimo de alud, que define como "gran masa de nieve que se derrumba de los montes con violencia y estrépito". Ben se ve que quen usa tales palabras para se referir a inmigrantes que chegan en grupos non implica cousa boa. Ou sexa, os inmigrantes chegan a moreas, causan violencia e derruban todo o que encontran ao seu paso. Daquela é fácil pensar (e ademais o PP axúdanos moito) que a inmigración implica naturalmente, por exemplo, roubos en chalés. Que pensar de que os xornais reproduzan, aínda que sexa en estilo indirecto, a linguaxe da extrema dereita española sen máis, como quen di que chove.